Oncology

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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Matéria no jornal Diário do Nordeste




"Casa Vida ganhará ampliação

Pacientes com câncer, oriundos do Interior, encontram ali não apenas um abrigo, mas um espaço de acolhimento




Fortaleza. A falta de unidades de saúde capazes de atender a pacientes com câncer fora da Capital cearense faz com que doentes do Interior e até de fora do Estado busquem o Hospital do Câncer do Ceará (HCC), referência no tratamento e na pesquisa em oncologia no Norte e Nordeste. Muitos deles viajam centenas de quilômetros para serem submetidos a cirurgias e terapias que podem durar várias semanas.



Apesar do desgaste por conta dos efeitos colaterais e da expectativa em ficar ou não curado, os pacientes que não têm família vivendo na Capital ou sem condições de alugar uma moradia encontram na Casa Vida o único local para permanecer durante o tratamento oncológico. Mas para além de um abrigo, os pacientes e acompanhantes têm ali um espaço acolhedor, onde realizam atividades produtivas enquanto enfrentam o desafio de vencer a doença.



A Casa Vida foi criada pela Rede Feminina do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), fundada em 1954.O espaço inicial se resumia a uma enfermaria, que recebeu o nome de Enfermaria Carmem Prudente. Com a criação do hospital e a demanda cada vez maior de pacientes vindos de fora de Fortaleza, a enfermaria foi transferida para um imóvel que fica a um quarteirão da unidade e que hoje é conhecida como Casa Vida.



Atualmente, o local tem capacidade para receber até 120 adultos. Próximo dali, foram iniciadas as obras da nova sede da Casa Vida, que devem ampliar o atendimento para 350 pessoas e oferecer um espaço melhor para os pacientes do Hospital do Câncer, tanto para o abrigamento quanto para as atividades complementares a serem realizadas no novo espaço. Também espera-se criar um alojamento exclusivo para crianças.



Única alternativa

No dia em que a reportagem do Diário do Nordeste esteve no local, cerca de 85 pessoas, entre pacientes e acompanhantes, estavam abrigados ali. O agricultor Francisco Melquíades da Silva veio de Jaguaruana para poder tratar um câncer na laringe. Depois da cirurgia para a retirada do tumor, ele terá que passar por sessões de radioterapia por cinco semanas. Apesar de não poder falar por conta da sonda através da qual se alimenta, fez sinal de positivo quando perguntado se estava sendo bem tratado na Casa Vida.



"É a primeira vez que estamos aqui, precisamos vir porque em Jaguaruana não tem esse tipo de tratamento. É claro que não é bom estar longe de casa e da família, num lugar onde a gente não está acostumado, mas fomos muito bem acolhidos aqui", conta Lucenira da Silva, esposa de Melquíades. Ela e a irmã, Maria Letícia Pereira, se revezam nos cuidados do agricultor. Enquanto Lucenira vai passar alguns dias em Jaguaruana para ver como estão as coisas em casa, Letícia fica com o doente. "É que estou com muita saudade da minha filha, que só tem dez anos. Até já chorei aqui com a falta dela".



Na casa com um andar, há o refeitório, dois dormitórios (masculino e feminino), um pequeno escritório e um espaço para recreação e atividades complementares. A ideia é proporcionar aos pacientes e acompanhantes, já fragilizados por conta da doença e da severidade das terapias a que são submetidos, um tratamento humanizado e um acolhimento que alivie, ao máximo, a saudade de casa. Ao todo, além dos oito funcionários contratados, 150 pessoas atuam como voluntárias. O próprio ICC disponibiliza treinamentos periódicos para que a comunidade e a sociedade em geral possam se envolver com o espaço. Segundo a diretora de Responsabilidade Social do ICC, Débora Boni, o principal desafio para a instituição é atender a demanda e manter a sustentabilidade, sem abrir mão da excelência no atendimento. "Só recebemos pacientes encaminhados pelo Hospital do Câncer que não tenham parentes ou condições financeiras para ficar em outro lugar. Mas houve casos em que tivemos que colocar o paciente no sofá da sala enquanto se esperava liberar uma vaga, porque simplesmente ele não tinha outro lugar para ir", revela Débora Boni.



Qualidade prioritária

Com relação à qualidade do serviço, a diretora do ICC afirma que, apesar das dificuldades, buscam fazer mais do que o básico. "Aqui nós procuramos oferecer tudo da melhor qualidade, no atendimento, na alimentação, na limpeza, nas atividades, até porque sabemos que são pessoas muito carentes e ainda com a dificuldade da doença. Mas tudo isso tem um custo, sem falar de coisas que gostaríamos de ofertar e não podemos. Os pacientes com câncer de pele, por exemplo, precisam de protetor solar. Outros doentes precisam de uma complementação alimentar especial, mas não temos como fornecer e as famílias não têm como pagar. Por isso que as doações são muito importantes", pontua.



Ela lembra que houve um caso de uma acompanhante que engordou oito quilos em dois meses porque, segundo ela, nunca tinha tido acesso à tanta comida. "Aqui nós oferecemos seis refeições diárias, e para uma pessoa de origem humilde e com todas as dificuldades que vivia como ela, era inimaginável. No segundo dia ela passou mal de tanto comer, chegava a guardar comida por conta da ansiedade. Tivemos que chamar a assistente social para conversar com ela", recorda.



A Casa Vida aceita doações tanto em dinheiro quanto em alimentos, medicamentos, produtos de limpeza, entre outros. Nas quartas-feiras, um bazar é realizado no estacionamento do Hospital do Câncer e o dinheiro é repassado para a manutenção da casa."
http://www.hospcancer-icc.org.br/2009/sites/hcc/index.php

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